O GÊNERO NOS UNE, A CLASSE NOS DIVIDE

Uma polêmica com as companheiras e companheiros do PSOL acerca do apoio prestado à candidata Elisa Araújo, empresária do Solidariedade.

No debate no último dia 01, pela TV Bandeirantes, com os candidatos  à Prefeitura de Uberaba, Elisa Araújo, empresaria do ramo calçadista, ex-presidente regional  da FIEMG - Federação Industrial do Estado de Minas Gerais (entidade sindical de segundo grau representativa do sindicatos dos patrões) e candidata  à prefeita pelo Partido SDD (Solidariedade), em face de embate com o Sr. Tony Carlos, jornalista e empresário, candidato pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), pediu direito de resposta, por entender que foi desrespeitada pelo referido senhor, o qual, no entanto foi negado pela mencionada TV Bandeirantes.

Após isso, abriu-se uma discussão no movimento de mulheres e movimento de trabalhadores de nossa cidade, em especial em face das declarações da candidata do PSOL, Maria Sandra Tapajós, que em entrevista concedida, ainda no local do debate para a TV Bandeirantes, afirmou que o que mais a incomodou no debate foi o fato de não ter sido concedido  direito de resposta à Elisa, por ter sido chamada de mentirosa por Tony Carlos. Segundo o PSOL “Maria Sandra PSOL/PCB/ UP defendeu o direito de resposta de outra candidata, reforçando nossa luta contra o machismo e à violação das mulheres e ainda foi calada pelo repórter enquanto o fazia. Mais uma demonstração do machismo intrínseco na nossa sociedade”.


A SORORIDADE ESTÁ ACIMA DAS DIFERENÇAS DE CLASSE?

No entanto, as mulheres e os homens militantes do PSTU, entendemos que ainda que a opressão no sistema capitalista atinja a todas nós mulheres, sobre as mulheres de nossa classe, a classe trabalhadora, têm efeitos muito mais devastadores, pois, ela é utilizada para a nossa exploração pelo empresariado de forma  brutal, impondo às mulheres menores salários para trabalhos iguais aos realizados por homens, além da responsabilidade, praticamente total, pelos serviços domésticos, educação, alimentação e saúde dos filhos, resultando em jornadas diárias duplas e triplas de trabalho. Além disso, o sistema capitalista vale-se da opressão da mulher para pagar menores salários aos trabalhadores homens, pois, ao conseguir pagar menores salários às mulheres por meio da opressão, ela pressiona para baixo o valor dos salários pagos aos homens. Além do mais, não são poucas as empresas cujos cargos de comandos são ocupados por mulheres, que a frente de tais empreendimentos, oprimem as mulheres, explorando-as, assim como também fazem com os homens, por meio de baixos salários, assédio moral, sonegação de EPI’s, de direitos trabalhistas, etc.


O QUE FAZER?

Como dizia Lênin “nossa luta não é de igualdade para todos, não é de liberdade para todos, mas a luta contra os exploradores e opressores pela eliminação das possibilidades de oprimir e explorar”

Ainda que rechacemos toda e qualquer opressão, nosso rechaço, também, vai contra as mulheres que, apesar do seu gênero, ocupam na sociedade o papel de oprimir e explorar outras mulheres e homens, como no caso em comento. 

Por isso, ao contrário do que fez Maria Sandra Tapajós e o PSOL, nós do PSTU, não nos condoemos com Elisa Araújo, vez que, apesar de mulher, tanto ela (não esquecemos que ela declara orgulhosamente ter sido presidente da FIEMG, sindicato patronal) quanto à sua candidatura, estão ao serviço da exploração e da opressão das mulheres e homens trabalhadores. 

Para nós, o diálogo não deve ser feito com setores burgueses como o representado por Elisa Araújo e o Solidariedade, mas sim com o povo pobre e este diálogo deve apontar a necessidade de lutarmos não só por direitos, mas sim contra o sistema que nos oprime e explora enquanto trabalhadoras e trabalhadores, o capitalismo, lutando por uma revolução socialista, pois, como disse Leon Trotsky, “quanto mais conciliadores, doces e obsequiosos formos para com a burguesia, mais intransigente ela se torna contra nós”. 

Assinan: Simea Freitas e Coletivo de Mulheres do PSTU de Uberaba.



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