Uma vez mais sobre as calúnias da CST/Unidos Pra Lutar

 

A CST/Unidos Pra Lutar*, no Brasil, e a UIT em nível internacional tem feito uma intensa campanha de calúnias, no melhor estilo estalinista, contra a CSP-Conlutas, o PSTU e a LIT. Afirmam que há uma aliança entre estas organizações dos trabalhadores (por apoiarem a chapa 2, que concorre às eleições do Sindicato dos Químicos de São José dos Campos e região) e uma multinacional para perseguir e demitir dirigentes sindicais. Lamentamos a perda de tempo com coisas desta natureza, mas queremos fazer algumas considerações acerca desta situação.

Essa acusação é uma grave calúnia. A Chapa 2, que é apoiada pela CSP-Conlutas, surgiu a partir de uma divisão da atual diretoria do sindicato, que é ligada à CST/Unidos Pra Lutar. Dos 22 membros da Chapa 2, 15 são da atual diretoria (composta de 37 membros), sendo que 4 eram da Executiva do sindicato. Nenhum dos integrantes desta chapa é militante do PSTU. A realidade é que parte importante desses dirigentes era de simpatizantes da CST (5 membros, sendo 1 ex-militante e 2 filiados ao PSOL).

A acusação de que a Chapa 2 é da patronal é, portanto, uma calúnia que visa esconder a divisão na CST/Unidos Pra Lutar, corrente na qual estes companheiros militavam até dois meses atrás. Se eles são da patronal, o que faziam na CST/Unidos até 2 meses atrás? O que fazem no PSOL, partido ao qual alguns deles ainda hoje são filiados?

Na verdade não é a primeira vez que esta corrente política se utiliza do recurso às calúnias de natureza moral para fazer disputas políticas. Alguns anos atrás o mesmo ocorreu na eleição do sindicato dos comerciários de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Algumas semanas atrás ajudaram a liderar a invasão da sede do PSTU em Niterói, Rio de Janeiro, para ameaçar fisicamente alguns companheiros do partido visando obrigá-los a mudar de posição frente a uma divergência, também em meio a outra eleição sindical.

Agora, esta escalada ganha uma dimensão ainda maior. O desespero desta corrente, em particular quando se sente ameaçada no controle do Sindicato dos Químicos de São José dos Campos, ocorre em primeiro lugar porque, em sua prática aparelhista, o controle deste sindicato é muito importante para sua sobrevivência. Em segundo lugar porque esta corrente elegeu como principal inimigo político a combater no Brasil o PSTU e a CSP-Conlutas, e não os patrões, o governo e as organizações sindicais governistas.

Na medida em que a CSP-Conlutas realiza um Congresso vitorioso e vai se firmando como o pólo de aglutinação pela esquerda para todos que querem lutar em nosso país, cresce também o desespero da CST/Unidos Pra Lutar.

É o vale-tudo para ganhar e manter postos nos aparatos sindicais que caracteriza a metodologia de atuação deste tipo de organização. É o que as leva a utilizar esta metodologia da calúnia em substituição aos argumentos na luta política no interior do movimento operário. Abaixo, seguem informações úteis para entender o que se passa em químicos de São José dos Campos.

O que, de fato, ocorre em Químicos de São José dos Campos:

1- A crise gerada na diretoria do sindicato dos químicos, que terminou na ruptura de um setor da diretoria com a condução da CST/Unidos, ganhou corpo a partir do aprofundamento do curso burocrático e aparelhista que tomou conta do sindicato desde que o mesmo se desfiliou da CSP-Conlutas e passou a integrar o projeto sindical da CST/Unidos.

2- Com uma postura aparatista, a CST buscou aumentar seu controle sobre os cargos chaves da diretoria, reduzindo cada vez mais o peso dos independentes, dos simpatizantes e inclusive de militantes seus que, de uma ou outra forma, passaram a questionar a postura cada vez mais burocrática e aparelhista com que estavam dirigindo o sindicato.

3- Uma das máximas expressões disso foi o fato de terem trocado o tesoureiro do sindicato através de um golpe. Com isso, além do controle das finanças, passaram a ter uma maioria de 5 a 3 na Executiva. Antes, a Executiva era dividida 4 a 4, entre a CST e independentes/simpatizantes (que eram todos militantes de sua corrente sindical, a Unidos Pra Lutar).

4- Frente a esse quadro, com a aproximação das eleições um setor da diretoria se viu diante da necessidade de lançar uma chapa alternativa. E procuraram a CSP-Conlutas pedindo apoio.

5- Após discussão, decidiu-se que a CSP-Conlutas procuraria a direção da CST/Unidos para propor - em nome da unidade necessária para enfrentar os ataques da Johnson que havia conseguido reduzir na justiça o número de diretores colocando em risco a estabilidade da maioria da diretoria - que se fizesse uma convenção de base ou mesmo uma prévia nas fábricas para que se formasse democraticamente uma chapa unitária.

6- Isso foi feito, mas a CST/Unidos não somente não deu resposta nenhuma, como, além disso, convocou uma assembléia regada a churrasco para mudar o estatuto, antecipar as eleições e, aproveitou para votar que não haveria chapa unitária. Dois dias depois inscreveram a Chapa 1, deixando 15 companheiros da diretoria de fora. Frente a isso foi lançada a Chapa 2.

A demissão dos diretores foi responsabilidade da diretoria do sindicato, dirigida pela CST

7- Aproveitando-se de uma decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho), a Johnson entrou na Justiça pedindo a redução dos diretores com estabilidade, passando dos 41 definidos no estatuto para 14.

8- A empresa ganhou a ação porque o sindicato pagou fora de prazo o depósito recursal. A Justiça, então, solicitou da diretoria do sindicato que fornecesse a lista dos 14 nomes que continuariam a gozar da estabilidade.

9- Diante da decisão da diretoria de não entregar a lista, a Justiça cobrou uma multa de 40 mil, mais 10 mil reais por mês. Junto com isso, a própria justiça escolheu os 14 nomes de acordo aos primeiros 14 nomes presentes na ata de posse da atual diretoria, registrada por ordem alfabética.

10- Para suspender a execução da multa que já ultrapassava 100 mil reais, a diretoria decidiu penhorar os carros do sindicato. Junto com isso, ao alegar incoerência na cobrança da multa, o sindicato cometeu um novo erro que foi argumentar a existência da lista dos 14 nomes já apresentada pela Juíza. Com isso, terminou abrindo mão da estabilidade para o resto da diretoria. Com isso, deixou sem estabilidade o Cabral, principal dirigente da CST/Unidos.

11- Frente a isso, a Johnson demitiu 5 diretores que haviam ficado fora da lista, sendo 4 da chapa 1 e um outro da chapa 2, inclusive o Cabral. Ou seja, a demissão deveu-se a erros do sindicato, que, para não reconhecer sua responsabilidade tenta empurrá-la para outros, com mentiras e calunias.

12- O sindicato desenvolveu uma campanha pela reintegração dos demitidos, campanha essa que teve todo o apoio da CSP-Conlutas. Mas junto com isso a diretoria do sindicato (Chapa1), sem discutir com a diretoria ou numa assembléia da categoria, resolveu incluir os 5 diretores demitidos na lista dos 14. Na prática isso implicou numa troca, porque obrigava a juíza a excluir outros 5. A juíza aceitou a troca e decidiu pela reintegração dos demitidos.

13- Neste momento do processo, 2 diretores do sindicato entraram com uma ação na justiça questionando o pedido de troca dos 5 diretores alegando justamente o caráter antidemocrático da decisão (pois esta troca não havia sido discutida em nenhuma instancia do sindicato).

14- Contudo, após discussão coletiva na Chapa 2, embora reconhecendo o caráter anti-democrático da decisão do sindicato, a decisão foi de não entrar na disputa das vagas e lutar pela estabilidade de todos, incluindo os demitidos. Decidiu-se também que os 2 companheiros renunciassem a ação. Frente a esta decisão da chapa 2, os companheiros retiraram a ação que haviam impetrado, antes mesmo que ela fosse analisada pela justiça. Ou seja, o erro cometido pelos companheiros não levou a nenhuma conseqüência concreta no processo.

15- A Johnson entrou com recurso no Tribunal de Campinas (segunda instancia da Justiça do Trabalho) contra decisão da juíza de reintegrar os 5 diretores. E acabou conseguindo derrubar a decisão da juíza e os companheiros voltaram a ser demitidos.

16- Isso exposto, fica claro que a campanha que a Chapa 1 vem fazendo uma contra a Chapa 2 acusando-a de “caguetagem” pró-patronal, etc, são mentiras e calúnias. Mentiras e calunias que estão a serviço de esconder os erros da própria CST/Unidos que, na direção do sindicato, teve uma postura inconseqüente e irresponsável, que acabou levando à demissão dos 5 companheiros pela Johnson. Isto atesta, mais uma vez, o curso degenerativo dessa corrente.

O PSTU/LIT é um partido amplamente conhecido na vanguarda lutadora em todo o nosso país. A CSP-Conlutas é reconhecidamente a alternativa de luta que vem se firmando no país no processo de reorganização aberto com a traição das organizações sindicais governistas. Nenhum ativista sério, no Brasil daria crédito às calúnias disseminadas por esta corrente. Mas nem por isso devemos deixar de repudiar veementemente a utilização desta metodologia estalinista para a disputa política no interior do movimento operário.

As calúnias não constroem nada, apenas destroem. Servem apenas para disseminar desconfiança entre os trabalhadores, para tentar levá-los a desacreditar de suas organizações e – em última instancia – de suas próprias forças. Não há melhor desserviço que possa ser prestado à classe trabalhadora e não há melhor serviço que possa ser prestado aos inimigos da nossa classe. É esse o papel que cumpre esta metodologia disseminada pelo estalinismo em meio à nossa classe

Por isso terminamos esta nota conclamando a todas as organizações da classe trabalhadora, a que repudiemos com toda a nossa energia esta prática nefasta – a utilização de calúnias como instrumento de luta política no interior do movimento operário.

São Paulo, 04 de maio de 2012

Direção Nacional do PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado

* A “CST”, corrente que integra o PSOL, é a organização política ligada à UIT no Brasil. A “Unidos Pra Lutar” é a corrente sindical ligada à CST

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